EMPAREDADO
(...)
Se caminhares para a direita baterás e
esbarrarás ansioso, aflito, numa parede horrendamente incomensurável de
Egoísmos e Preconceitos! Se caminhares para a esquerda, outra parede, de
Ciências e Críticas, mais alta do que a primeira, te mergulhará profundamente
no espanto! Se caminhares para a frente, ainda nova parede, feita de Despeitos
e Impotências, tremenda, de granito, broncamente se elevará ao alto! Se
caminhares, enfim, para trás, ah! ainda, uma derradeira parede, fechando tudo, fechando
tudo — horrível! — parede de Imbecilidade e Ignorância, te deixará num frio
espasmo de terror absoluto...
E, mais pedras, mais pedras se
sobreporão às pedras já acumuladas, mais pedras, mais pedras... Pedras destas
odiosas, caricatas e fatigantes Civilizações e Sociedades... Mais pedras, mais
pedras! E as estranhas paredes hão de subir, — longas, negras, terríficas! Hão
de subir, subir, subir mudas, silenciosas, até às Estrelas, deixando-te para
sempre perdidamente alucinado e emparedado dentro do teu Sonho..."
LITERATURA
BRASILEIRA:
Textos literários em meio eletrônico.
Evocações, de Cruz e Sousa
Acesso
em 10/03/2013
http://www.literaturabrasileira.ufsc.br/_documents/evocacoes-3-2.htm
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